DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA em feridas crônicas – HISTORIA

A documentação fotográfica aplicada ao tratamento das feridas é um recurso que a cada dia vai se incorporando em nossa pratica diária. A imagem gravada vai muito além do que nossa memória pode alcançar. A possiilidade de comparar de forma analítica os dados que as imagens tomadas na linha do tempo vão nos fornecendo é de uma importância inestimável. E hoje o mundo digital nos possibilita o uso da fotografia sem a necessidade de grandes investimentos. Os celulares e smartphones estão ao alcance da maior parte da população e dispoem de recursos fotográficos satisfatórios como instrumento de documentação. Nesse vídeo que ora compartilho fazemos uma divertida viagem pelo mundo da fotografia e o seu avanço na área da saúde até os dias atuais.

O que é FERIDA CRÔNICA

Uma ferida crônica é uma lesão na pele ou em tecidos subjacentes que não cicatriza dentro do tempo esperado, geralmente mais de 4 a 6 semanas, mesmo com tratamento adequado.

Essas feridas permanecem abertas e podem estar associadas a processos inflamatórios persistentes, infecção ou problemas circulatórios.

Principais Causas das Feridas Crônicas

  1. Úlceras por pressão (escaras) – causadas por pressão prolongada sobre a pele, comuns em pacientes acamados, cadeirantes ou outro tipo de imobillidade
  2. Úlceras venosas – resultantes de insuficiência venosa crônica, geralmente nas pernas, provocadas por varizes e como sequela de trombose venosa
  3. Úlceras arteriais – devido à falta de irrigação sanguínea (isquemia), causadas por oclusão (entupimento) ou estreitamento do leito de fluxo arterial.
  4. Pé diabético – feridas em pessoas com diabetes, causadas por neuropatia com perda da sensibilidade protetora.

É óbvio que várias outras enfermidades podem evoluir com a formação de feridas crônicas.

As acima listadas representam as causas mais frequentes e somente através de uma avaliação adequada por profissional habilitado pode detectar o diagnóstico corretaente.

Úlcera de Martorell – um diagnóstico esquecido

A úlcera hipertensiva de Martorell (nos membros inferiores) é uma peculiaridade dos portadores de hipertensão arterial.

É pouco diagnosticada porque frequentemente está associada com outras patologias que também provocam feridas.

Profissionais de saúde que se dedicam ao tratamento dos portadores de feridas crônicas precisam estar atentos para essa possibilidade.


Terapia compressiva – O que devemos usar?

A terapia compressiva é a solução até o momento insubstituivel no tratamento das feridas dos membros inferiores decorrentes da insuficiência venosa e/ou linfática dos membros inferiores.

É também um recurso indispensável para o enfrentamento do edema. Sabemos que não é possível a cicatrização em ambiente de edema.

Aplicar os dispositivos de combate ao edema e aos efeitos da insuficiência venosa requer não apenas treinamento, mas conhecimento da dinâmica envolvida nesse procedimento.

Maceração no entorno da ferida – QUE FAZER?

Todos os que se dedicam ao tratamento das feridas crônicas se deparam com o irritante e persistente problema da maceração do entorno das feridas. Não é um desafio de fácil enfrentamento porque depende também da cooperação do paciente e familiares. A maceração é um obstáculo crítico ao processo de cicatrização e está habitualmente associado ao descontrole do exsudato.

Compartilho com vocês neste vídeo os aprendizados acumulados ao longo do tempo

Dermatite de estase

Entendendo a dinâmica do retorno venoso dos membros inferiores fica fácil compreender como se instala a DERMATITE DE ESTASE. Trata-se de um processo inflamatório que vai evoluindo de forma insidiosa e, se descuidado, pode acabar se transformando em feridas que deterioram significativamente a qualidade de vida de seus portadores. Insuficiência venosa crônica e hipertensão venosa são o pano de fundo da dermatite de estase. Varizes, síndrome pós-trombótica, obesidade e sedentarismo, além dos habitos posturais, são os fatores desencadeantes mais frequentes.

Dermatite ou dermite de estase.

É uma situação clínica que se manifesta como um evento inflamatório da pele.

Mas não se trata de um evento inflamatório qualquer: trata-se de um processo decorrente da estase venosa. E, por esta razão, está topograficamente situado a partir do 1/3 médio das pernas. (Figura 1)

Precisamos entender primeiro o que significa ESTASE VENOSA.   Estase significa parada ou lentidão de um fluxo. No caso que estudamos trata-se da parada ou lentidão do fluxo venoso nas veias superficiais ou profundas das pernas.

Essa parada ou lentidão do fluxo nas veias das pernas ocorre em decorrência de algumas doenças dessas veias, sendo a principal e mais frequente delas, as varizes. Outra situação que também pode provocar estase venosa é a decorrente das tromboses venosas muito frequentes em nossa população e que parece ter se agravado no curso da pandemia de Covid-19 (assunto talvez para outra publicação).

A dermatite ou dermite de estase é também chamada por alguns autores de eczema varicoso. O fenômeno não acontece de forma súbita. É um processo que vai se instalando de forma lenta e, muitas vezes não percebida. Em algum momento dessa evolução não tratada da doença venosa, a inflamação se manifesta, como podemos ver na imagem abaixo.

Algumas publicações dão conta de que essas dermatites podem ser agudas, sub agudas ou crônicas. Preferimos entender que elas se apresentam em episódios de duração mais ou menos longa dependendo do tratamento aplicado. Em situações descuidadas os eventos vão se cronificando e podem ser seguidos com a formação de feridas ou úlceras venosas. (Figura 2).

Figura 2 – Nesta fase da evolução crônica já se verifica a formação de ulceração na face medial acima do maléolo

É importante frisar que nem todos os portadores de varizes desenvolvem essa dermatite ou eczema. Isso nos leva a supor que alguns indivíduos podem estar geneticamente predispostos a evoluir dessa forma desagradável.

Portanto, é de fundamental importância ficar bem atento ao aparecimentos de alguns sinais e sintomas que podem significar que algo não está funcionando bem em nossas veias das pernas, tais como:

  • Inchação nos tornozelos ao final de um dia de atividades
  • Aparecimento de pruridos ou coceiras nas pernas
  • Aparecimentos de pequenos pigmentos vermelhos ou acinzentados nas pernas
Fase aguda com aspecto inflamatório evidente
Intensa pigmentação, prurido e descamação

Importante: é muito frequente em pacientes com varizes o aparecimento de ECZEMA DE CONTATO. Não deve ser confundido com o eczema varicoso ou dermatite de estase, porque a conduta terapêutica poderá ser diferente.

O eczema de contato é uma resposta alérgica da pele a vários tipos de possíveis fatores externos: meias, pomadas, cremes, cosméticos, e outros agentes usados para tratamentos diversos (até mesmo para o tratamento de varizes!).

Portanto, muita atenção no exame físico e na anamnese.

Neste vídeo compartilhamos mais conteúdo sobre a DERMATITE DE ESTASE.