É no chão social que o Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra-se uma “ameaça à sociedade”, como definiu ao Outra Saúde o ginecologista Olímpio Moraes, ao comentar a atitude da autarquia em relação ao direito ao aborto. Como mostrou matéria da Folha de S. Paulo, a decisão ilegal do órgão (por extrapolar sua própria competência), que tentou vetar a prática de assistolia fetal em gestações fruto de estupro a partir de 22 semanas, repercute de forma negativa onde os dados de gravidez precoce já são alarmantes. É o caso Roraima, dominado politicamente por aliados do bolsonarismo. O índice de gravidez infantil é o mais alto do país: 6,25 em cada 1000 meninas engravidam após sofrer estupro — um índice quase três vezes maior que a média nacional e comparável ao da África Subsaariana.
Ainda assim, o único hospital do estado que realizava o aborto legal nestes casos (o Nossa Senhora de Nazaré) deixou de fazer a assistolia, após a resolução do CFM. Além disso, foi dissolvida a comissão responsável pelo procedimento no estado. Nem aliminar do STF que suspendeu a resolução do CFM foi capaz de reverter o retrocesso. O governador, Antonio Denariun, já foi alvo de sete pedidos de impeachment, acusado de crimes como fraudes, superfaturamento de contratos, desvio de recursos públicos, formação de milícia e e envolvimento em esquemas de agiotagem, grilagem de terras e apoio ao garimpo ilegal em terras indígenas.
Fonte da matéria: OUTRAS PALAVRAS